Neurocirurgião especialista em nervos periféricos

Dr. Ricardo Felipe dos Santos
CRM: 71871 - RQE: 53902

TRANSFERÊNCIA MIOTENDINOSA

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TRANSFERÊNCIA MIOTENDINOSA

Transferência Miotendinosa

Tempo é músculo! Essa é uma das frases que mais digo aos meus pacientes. Pacientes com lesão de nervo entram em um jornada contra o tempo; uma vez desnervado, o músculo vai atrofiando paulatinamente e, se não for reinervado, atrofiará até que não possa mais ser reinervado.
Essa janela de tempo é um pouco variável, depende de fatores do paciente como idade e problemas de saúde, o tipo de lesão, o nervo lesado e o tamanho do músculo afetado. De modo geral, uma regra é que essa janela de tempo é de cerca de 1 ano. Após esse tempo, tentativas de se reinervar um músculo geralmente não são mais possíveis.
Isso significa que não tem mais nada que possa ser feito?

As transferências miotendinosas

Não! De jeito algum! Sempre há algo que podemos fazer para melhorar.
Um recurso importante que dispomos são as transferências miotendinosas. Nessa técnica cirúrgica o que fazemos é aproveitarmos os músculos saudáveis do paciente e muda-lo de posição para fazer um novo movimento.
Dessa forma, costumo dizer que, tratando-se de transferência miotendinosas nos não criamos movimento, nos aproveitamos.

Como é feito

Nas transferências miotendinosas, se usa um músculo bom e saudável de um paciente e mudamos sua inserção ou sua origem, ou seja, uma das extremidades em que ele está conectado, e mudamos de lugar para que possa fazer um novo movimento.
Há diversas variáveis nisso: o músculo precisa ter uma certa compatibilidade de tamanho, força e ângulo que possa ser aproveitado.

Exemplos

-Lesão de plexo braquial:

há diversas técnicas de transferências miotendinosas para paciente com lesão de plexo braquial. Muito depende de qual movimento se quer restaurar e quais os músculos saudáveis do paciente. Para restaurar o movimento de flexão do cotovelo, por exemplo, pode-se aproveitar músculos como o peitoral maior ou mesmo o músculo grande dorsal, mudá-los de posição para o braço do paciente. São músculos fortes que são capazes de fazer uma função próxima aos músculos como bíceps e braquial.

-Lesão de nervo radial:

em paciente com lesões tardias de nervo radial, quando não há a possibilidade de realizar as cirurgias de reconstrução do nervo ou transferências miotendinosas, o que se faz é redirecionar músculos do antebraço para realizar os novos movimentos.  Geralmente se faz o que chamamos de transferência tríplice, ou seja, 3 transferências. A primeira é  aproveitar o músculo pronador redondo e redirecioná-lo para realizar a extensão do punho . Também usamos o músculo palmar longo e o redirecionamos para que possa ser capaz de realizar a extensão do polegar. E por último, usamos o músculo flexor radial do carpo é usamos para que consiga estender os dedos.

-Pé caído:

pacientes que apresentam pé caído por lesão do nervo fibular, por exemplo, podem ter restauração do movimento do pé através da transferência miotendínea. Uma das diversas técnicas usadas é a transferência do músculo tibial posterior, o músculo responsável por puxar o pé para dentro, ou seja, por realizar a inversão do pé. Nesse caso, mudamos o músculo de local e o reinserimos no dorso do pé, o famoso peito do pé. Dessa forma, após um bom programa de reabilitação e aprendizado motor, o paciente é capaz de puxar o pé para cima novamente.

O mais importante

É muito importante que um paciente que tenha lesão de nervo seja avaliado por um profissional competente. Quase sempre há algo que pode ser feito para melhorar. A cirurgia de transferência miotendinosa é capaz de restaurar diversos movimentos do paciente, aumentando sua capacidade funcional e melhorando sua qualidade de vida. E o importante é que pode ser feito em qualquer momento da vida do paciente, mesmo anos após a lesão do nervo.

Se você tem uma lesão de nervo e perdeu algum movimento ou sensibilidade, entre em contato.

Curriculo

Dr. Ricardo Felipe dos Santos

CRM: 71871 - RQE: 53902

Recuperando movimentos. Restaurando vidas.