O QUE É A MEDULA ESPIHAL?
A medula espinhal é um dos órgãos que compõe o sistema nervoso. Ela é uma estrutura tubular que está protegida dentro da nossa coluna vertebral. Dela partem os nervos que serão responsáveis para controlar nossos músculos e órgãos e por captar as sensações.
Dessa forma, a medula espinhal é a conexão entre nosso cérebro e o restante do nosso corpo.
LESÃO NA MEDULA ESPINHAL
Como órgão que conecta nosso cérebro a todo o restante do nosso corpo , lesões na medula espinhal interrompem essa conexão, causando comprometimento na capacidade de sentir ou movimentar as partes do corpo abaixo do local aonde a medula foi machucada.
Nossa medula fica fortemente protegida dentro da nossa coluna vertebral. Dessa forma, para machucar nossa medula geralmente é necessário algum tipo de agressão muito importante com bastante energia envolvida.
Infelizmente, no Brasil, a grande maioria das pessoas que sofrem algum tipo de lesão na medula são jovens, , usualmente homens, em seu período mais produtivo da vida.
Em nosso país a principal causa de lesão na medula são os acidentes de trânsito, sobretudo os que envolvem motocicletas. Motoristas de moto são especialmente vulneráveis a machucar a espinha pois não existe ainda nenhum dispositivo capaz de proteger a coluna vertebral e a espinha durante um acidente.
As lesões podem ocorrer também em pessoas vítimas de agressões como disparos de armas de fogo ou mesmo facadas contra região da coluna vertebral.
Outra causa importante são as lesões causadas por quedas, especialmente durante a realização de mergulhos em cachoeiras, rios, piscinas e mares, o que chamamos de mergulhos em águas rasas. Nesses acidentes geralmente alguém cai ou mergulha propositalmente de cabeça em águas onde não está vendo a profundidade, se chocando de cabeça contra o chão.
As lesões da medula espinhal podem ter diversos graus de acometimento. Entre as diversas classificações usadas na área de saúde, a principal é acerca do nível da lesão e se trata-se de uma lesão parcial ou total. As lesões podem ser parciais, podendo acometer apenas a parte responsável pelos movimentos ou pela sensibilidade, ou pode ser totais, acometendo igualmente essas duas funções.
Também é importante saber o nível, ou seja, a altura em que a medula foi machucada. Classificamos em lesão cervical, na altura do pescoço, torácica, ao nível do tórax ; ou lombossacra, na altura da coluna lombar. Nas lesões cervicais, os pacientes geralmente perdem parcial ou totalmente as sensasões e os movimentos do pescoço para baixo, no que chamamos de tetraplegia. No casos da lesões torácicas e lombares, o paciente perde os movimentos e a sensibilidade geralmente de parte do tronco e das pernas.
Infelizmente a grande maioria das vezes os acidentes geram lesões totais, com mais da metade deles ao nível da coluna cervical
TETRAPLEGIA
Os pacientes com lesão medular cervical geralmente são classificados com tetraplegia ou seja, uma ausência ou dificuldade importante de movimentas todos os membros do corpo abaixo do nível da lesão.
Trata-se de uma condição devastadora, especialmente quando se pensa que acomete principalmente homens jovens no ápice da sua forma física e da sua capacidade de trabalho.
A principal queixa dos pacientes com tetraplegia é a perda de autonomia, ou seja, da capacidade de cuidarem de si mesmo. A perda da força e dos movimentos dos braços, sobretudo das mãos, comprometem em muito a capacidade de realizar mesmos as pequenas coisas por conta própria como se alimentar, realizar transferências ou mesmo fazer autocateterismo.
O TRATAMENTO
Embora a medicina tem avançado muito nas últimas décadas, muito pouco havia mudado em relação ao tratamento das lesões medulares. Muitos tratamentos vistos como promissores como células troncos e outros não resultaram em nenhuma terapia que realmente mudasse a qualidade de vida dos pacientes. Isso mudou na última década.
Cirurgiões de nervos aproveitaram o conhecimento que tinham em relação as cirurgias de tratamento das lesões de nervo, especialmente nas de plexo braquial para realizar os mesmos princípios para os pacientes com lesão medular.
Basicamente o que se faz atualmente é realizar as cirurgias de transferências nervosas para resgatar força e movimento em seguimentos que foram lesados. O que o cirurgião de nervos faz é realizar um “gato” ou um “bypass” pegando um nervo bom, que funciona adequadamente acima do nível de lesão da medula, e conectar em um grupo de músculos que foi paralisado devido a lesão medular. Dessa forma consegue-se retornar o funcionamento de músculos como de flexão e extensão do cotovelo além de alguns movimentos da mão como abrir e fechar os dedos. Isso possibilita um grande avanço na melhora da qualidade de vida desses paciente, sendo possível restaurar movimentos que permitem o paciente recobrar muito de sua autonomia.
IMPORTANTE!
Lesão medular é uma condição extremamente grave. Metade dos pacientes que sofrem lesão medular morrerão na cena do acidente ou nos dias seguintes no hospital; a outra metade terá seriamente em sua qualidade de vida comprometida por perdas na capacidade de sentir ou se movimentar. Metade dos sobreviventes ficaram tetraplégicos.
A perda da autonomia , a dependência de terceiros para realizar as tarefas mais banais é a principal queixa desses pacientes. O tratamento cirúrgico visa exatamente isso: restaurar movimentos chaves dos braços e das mãos para que, assim, o paciente possa recuperar a capacidade de cuidar de si mesmo, resgatando sua autonomia e independência.
É importantíssimo ser avaliado o quanto antes por um profissional competente.